Numa iniciativa conjunta aWomen’secret e a Amnistia Internacional uniram-se pelas mulheres vítimas de violência doméstica com a Campanha “A violência doméstica não pode ser um segredo”. Criada pelaMcCann Erikson, a campanha visa dar voz a cada mulher afectada por este tipo de violência, assim como sensibilizar a população e a sociedade: deixar de ser segredo é o primeiro passo para resolver o problema. A campanha vai ser desenvolvida em rádio, mupis e anúncios de imprensa.Para tornar viral este movimento de apoio foi criada uma colecção de roupa assinada pelo ilustrador André Letria, que se encontra à venda nas lojas da Women’secret em todo o país e cujas receitas revertem inteiramente para a Amnistia Internacional de Portugal. Esta colecção solidária integra duas t‑shirts criadas pelo ilustrador André Letria, uma t-shirt desenvolvida pela agência de publicidade McCann Erickson e ainda dois calções para combinar.
Ao comprar uma peça desta colecção está a apoiar a luta pelos Direitos das Mulheres. Os fundos serão inteiramente canalizados para:
- promoção, divulgação e acções de educação para os Direitos Humanos;
- investigação e estudos na área da violência doméstica sobre a Mulher;
- identificação e encaminhamento de casos de violência doméstica sobre as mulheres;
- acções de sensibilização pública.
A apresentação à imprensa decorreu ontem com a presença de três figuras públicas convidadas para apoiar e dar visibilidade a esta acção Fernanda Freitas, José Neves e Sofia Aparício, na MK2 que gentilmente cedeu o espaço para o evento. O tema delicado embarga a voz de Fernanda que falou sobre a sua experiência de recolha de testemunhos com mulheres vítimas de violência doméstica e do seu livro ‘Sem Medo Maria’. José Neves referiu a prevenção na educação dos nossos filhos emocionado disse “eu não quero que a minha filha venha a ser uma vítima nem que um filho meu possa vir a ser um agressor” . Sofia Aparício relembrou que este é um crime que afecta a sociedade e por isso público, descreveu o perfil do agressor e alertou para a ocorrência deste crime em casais homossexuais e não só heterossexuais.
A violência doméstica é um fenómeno transversal a todas as classes sociais e até mesmo idades, tendo-se registrado nos últimos anos um aumento de maus tratos continuados durante o namoro em adolescentes. O agressor começa por isolar socialmente a vítima deixando-a sem recursos afectivos para mais facilmente a culpabilizar e responsabilizar da violência sofrida. O agressor não é necessariamente um alcoólico ou toxicodependente desempregado, o perfil do agressor está a mudar sendo muitas vezes pessoas agradáveis socialmente e profissionalmente estruturadas e com nível de instrução escolar. Aliás quanto mais o estatuto social o agressor tem, mais dificulta na vítima a denúncia pois convence-a que ninguém acreditará nela.
Ninguém está numa relação violenta porque escolhe, uma pessoa sem auto-estima não tem os mesmos recursos psicológicos que uma pessoa que está bem consigo própria, por isso se suspeitar de algum caso de violência doméstica denuncie, pode estar a salvar a vida de uma mulher e dos seus filhos.
A violência doméstica é um crime público o que significa que qualquer cidadão que tenha conhecimento deste tipo de crime tem o dever de o denunciar, ao contrário dos crimes particulares em que só o ofendido se pode pronunciar. A violência doméstica é um crime público porque com violência incluída não existe um casal mas sim um agressor e uma vítima e nesse caso, corrigindo o velho ditado, ente marido e mulher mete-se a colher.
Denuncie e colabore nesta campanha.
